26 de abril de 2010

"Dunas"

"Dunas, são como divãs,
Biombos indiscretos de alcatrão sujo
Rasgados por cactos e hortelãs,
Deitados nas Dunas, alheios a tudo,
Olhos penetrantes,
Pensamentos lavados.

Bebemos dos lábios, refrescos gelados (refrão)
Selamos segredos,
Saltamos rochedos,
Em camara lenta como na TV,
Palavras a mais na idade dos "PORQUÊ"

Dunas, como que são divãs
Quem nos visse deitados de cabelos molhados bastante enrolados
Sacos camas salgados,
Nas Dunas, roendo maçãs
A ver garrafas de óleo boiando vazias nas ondas da manhã

Bebemos dos lábios, refrescos gelados,
nas dunas!
Em camara lenta como na TV,
Nas dunas..
Nas dunas..
Naasss duunas...
Naasss duunas..
Refrescos gelados...
Como na Tv.
Nas duunas.."

GNR

Vem alguém de certo lugar

Cruzando as estradas da vida, vem alguém de certo lugar. Vem e chega alguém que me questiona sobre tudo e nada sem excepção. O porquê de ser assim, fazendo com que, muitas vezes, apenas quando a coisas sofem um abanão, eu me sinta no sentimento. Não posso, não quero nem, confesso, consigo medir sentimentos, mas há alguns que marcam e quando nós pensamos que os vamos continuar a ter por muitos e muitos momentos, algo surge que os abala. Porém, não é o próprio sentimento que abala, mas sim o presencear do mesmo, face-a-face. Não se merece ser perdoado, diz quem sente ao alguém que passa, mas tudo isto talvez não passe do constante batimento cardíaco que abrange todos e ninguém quando alguém passa.
Alguém passa, e por passar e sentir não tem coragem para confrontar quem sente, quem sente e quer dizer sem conseguir, quem sente e quer demonstrar sem reflectir. Alguém passa e não consegue dizer, talvez por também sentir, que quem sente falha, quem sente cai, que quem sente tem de saber levantar-se sozinho do alfalto flutuante. Algum alguém passou, algum alguém parou e quis dizer. Parou mas não disse! Por outro lado, quem acabou por nada ouvir, acaba por ouvir, ouvir o constante eco das suas mesmas palavras que sempre tentou proferir, esquecendo-se ou simplesmente não se recordando de que nada e nenhuma expressão transmite, na íntegra, aquilo que se quer expressar.
Vem alguém de certo lugar, alguém misterioso e bem conhecido, alguém sincero e sempre presente, alguém, alguém que faz despertar saudade mesmo quando presente, alguém que nunca mereceu este sentir, alguém extraordinário que merece, hoje e sempre, muito mais, muito melhor. Alguém que, mesmo assim, vem de certo lugar!

Sendo o que sou

Porque, talvez, se alguém me conhecesse, talvez me definisse ou me perguntasse o porquê de ser assim e o porquê de ser quem sou. Todas as definições que atribuo ao meu significado, e sim, eu conheço-me e sei bem quem sou e no que sou, são definições caracteristicamente minhas e só minhas. Definições que me caracterizam para mim, de forma inteiramente minha e somente isso.
De facto, de facto eu sou eu e sei muito bem com o que contar, sei muito bem gerir aquilo que sou e me caracteriza na minha imensidão sordidamente rica. É verdade, mas nem sempre, e ainda bem, tenho resposta para um elo totalizante de todos os acontecimentos que fazem parte da coisa mais débil e complicadamente simples do mundo: a vida. Na realidade, sou consciente, sou consciente de que a única acusação cintilante de que vou ser alvo é a de ser inteiramente e sempre eu, por mais que tudo isso custe e possa ser por demais doloroso. Poder olhar e conhecer-me no mundo é extremamente gratificante e, sinceramente, por vezes não decifro se serei eu espelhado no mundo ou o este espelhado em mim. Contudo, uma coisa é certa, o mundo é um local complexadamente ilusório e, aí, eu percebo que o meu retrato está presente, pela minha imensidão de ser eu!

25 de abril de 2010

"Somos livres (Uma gaivota voava voava)"

"Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás."

Ermelinda Duarte



E hoje, hoje todos nós podemos voar na igualdade da diferença entre cada um!

"Grândola vila morena"

"Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade"

Zeca Afonso




Somos livres! Ouçam-se as vozes da liberdade!

24 de abril de 2010

Filhos da madrugada

"Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor nos ramos
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praia do mar nos vamos
À procura da manhã clara

Lá do cimo de uma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Mensageira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo de uma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos p'la noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca, brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca."

José Afonso

Asas de liberdade

Porque nada é melhor que o sentimento livre que podemos sentir perante a vida, perante o mundo. Porque o Homem sonha voar e mais do que voar, o Homem sonha... voar! Percorrer os céus, os céus azuis com resquícios brancos e os céus da alma que não faço ideia que cor terão. Porém, certo é que a minha azul não é certamente e, por vezes, talvez alcance tons mais próximos do escuro. No entanto, o Homem sonha e há quem diga que “Deus quer, o Homem sonha e a obra nasce”. Apesar de alguma contrariedade da minha parte relativamente à primeira afirmação, a expressão não deixa de ter sentido, na medida em que eu e só eu fui, sou e serei o Deus da minha alma.
Já foi obsceno pensar voar, pensar Ciência também o foi e tudo mudou. Calaram-se muitas bocas, bocas que nem hoje conseguem falar. Bocas que têm medo do passado, do seu próprio passado. E mais do que medo dele, têm medo de o denunciar, mas sim, já todos o sabemos e apenas a ignorância convencida de que o confessionário resolve todos os problemas continua a cair naquele que é o maior “conto do vigário” existente hoje em dia: a Igreja Católica. Sim, a mesma igreja que considera que o fogo purifica almas, a mesma igreja que fez com que Galileu morresse sem poder ver o seu trabalho e descoberta recompensados, fazendo-o sofrer assim como a muitos outros, curiosamente todos os que dela duvidavam e todos os que a questionavam. A mesma igreja que fazia com que a liberdade desse origem aos autos-de-fé, a mesma igreja que se permite ser liderada por um Nazi. A mesma igreja que dá a cara por alguém que eu nunca vi! A mesma igreja que se pode comparar à ditadura finda em '74.
Voltando ao tema central, liberdade, liberdade para combater, combater pela liberdade. Combater contra quem tiver de ser, quer evoquem figuras existentes ou figuras sonhada e transcendentalmente concebidas, mas combater.
Amanhã devemos pensar naquilo que dá asas ao Homem, aquilo que foi conseguido pelo Homem: a liberdade, liberdade de viver. Vamos congratular o grande dia 25 de Abril de 1974 e vamos vivê-lo em 2010, livrando-nos de todos os ditadores por aí espalhados e semeados numa terra que tão fértil e tão parca parece ser. Vamos encarnar o grande Salgueiro Maia, vamos dar voz a José Afonso.
Afinal, afinal o Homem já pode voar!


"Vamos fazer o que ainda não foi feito"

Sei que me vês,
Quando os teus olhos me ignoram
Quando por dentro eu sei que choram
Sabes de mim
Eu sou aquele que se esconde
Sabe de ti sem saber onde
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Trago-te em mim
Mesmo que chova no verão
Queres dizer sim mas dizes não
Vamos fazer o que ainda não foi feito.

(refrão)
E eu sou mais do que te invento
Tu és um mundo com mundos por dentro,
E temos tanto para contar.
Vem esta noite,
Fomos tão longe a vida toda
Somos um beijo que demora,
Porque amanhã é sempre tarde de mais.

Eu sei que dói,
Sei como foi andares tão só por essa rua
As vozes que te chamam e tu na tua
Esse teu corpo é o teu porto é o teu jeito
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
Sabes quem sou
Para onde vou
A vida é curva não uma linha
As portas que se fecham e eu na minha
A tua sombra é o lugar onde me deito
(refrão)

Tens uma estrada,
Tenho uma mão cheia de nada.
Somos um todo imperfeito,
Tu és inteira e eu desfeito.
Vamos fazer o que ainda não foi feito.
(refrão)

Pedro Abrunhosa

De uma vez por todas, vamos primar pela diferença!

22 de abril de 2010

Um dia não são dias

Uma simples questão de pasmaceira! Um dia igual a tantos outros, daqueles que já nem ontem nem mesmo, quem sabe, nunca existiram. Um dia existencialmente fundamentado na felicidade lamechas de uma sociedade vidradamente ofuscada pelo horizonte inabalavelmente inatingível. Um dia, mais um dia tão igual e tão diferente. Um dia que apenas parece iludir algum sentimento já existente e preponderantemente assertivo que é o ódio. Não me deixo cair em cantigas de amigo ou cantigas de amor. Continuarei, bruscamente, na tentativa de desmoronar, não um muro de Berlim, nem uma questão biologicamente podre, mas sim todos os actos que se cometem como estando a ter um orgasmo, de tanto prazer que lhes dá visionar e construir o desprazer de outros. Mas aqui, aqui os pequenos gritinhos e gemidos são fundamentalmente centralizados numa questão crônica que é, somente, histeria. Não há paciência! O mundo parece, sempre, desatinar e tudo o que mais quero é desatinar mais rápido que ele para sempre poder dizer que estarei mais à frente. É, talvez, uma questão de orgulho, talvez aquilo que mais me define. Orgulha-me ser aquilo que ninguém espera que eu seja, em determinado momento, sendo igual a mim mesmo e igual a tudo o que sempre fui.
Apesar de tudo sei, sei que um dia não são dias! No entanto, eu estou aqui para todos e cada um!

21 de abril de 2010

Quando eu deixo de ser o centro

E por vezes acontece! Não controlo, não determino. Apenas afirmo e afirmo com muita vontade e querer.
Porque trabalho para ser o centro, para ser quem quero que eu seja, para arcar com o mais vasto leque de tudo aquilo que ninguém nem toda a gente pode levar e sustentar nas costas.
Acordo, acordo todos os dias com a cabeça frescamente entulhada de uma escuridão leve e gostosa que me faz dizer que sou eu. Quando abro os olhos, a nebulosidade é tanta que percebo que estou aqui, que estou num mundo meu. Com um duche tudo fica mais plácido e suave, o que me faz duvidar. Mas duvidar de tudo, de tudo quanto possa desenvolver-se. No entanto, rapidamente abandono as paredes de casa e me liberto para o mundo. Ah, o mundo tal como eu! Ofuscadamente conturbado e, sensivelmente, inconformado. Mas será tudo isto por ser eu quem está a ver? O que me interessa é que o é, tal e qual como eu quero que seja, mas para mim é claro! Não me apetece reflectir, mas sim apenas saber que fora das paredes de casa tudo é, tal e qual, como eu. Elucidadamente confuso e prazeroso. Contudo, a masturbação social não me chega, quero a terra bem pisada, a cabeça a explodir, quero o eco do ego sem saber quando acaba, repetindo o sentido de mim!
O mundo sou eu e é como o quero. É como o sinto e como me sinto nele! Sou eu e ele, nada mais!

20 de abril de 2010

A religião da verdade

Internamente uma verdade,
Num círculo de imensidão escura
Chamando e prejudicando a tempestade
De uma forma, deveras, por tortura.

Calem-se as bocas divagantes
Empurrem-nos os sentidos já notados.
Não somos todos iguais
Seremos sempre implicados.

Uma verdade só
Não chega para viver
E é no espirito dogmático
Que tencionam morrer.

A verdade cresce à medida de cada um.
Somos selvaticamente nós,
Porque nascerá mais algum
Que nada mais será que pó!

Por vezes magoa indiscriminadamente,
Melhor é sentir, melhor é merecer
Do que apenas curvadamente atender!

Algumas coisas do sentido

Sim, nem tudo é mau, apesar de nem tudo ser bom. Mesmo não gostando de apoios de ninguém, é obviamente assertivo que estarmos rodeados de pessoas que queremos e amamos é essencial. Não sei, sinceramente, se o é por ser ou se o é por necessidade biologicamente inata, mas sei. Sei que tudo passa a fazer mais sentido, mesmo quando pouco faz.
É, na minha opinião, correctamente determinado que muito do que somos necessitados se preenche com a aparição, não da virgem Maria, nem tão pouco do estatuto papal, mas sim com a aparição, junto de nós, de todos aqueles a quem queremos e de todos aqueles a quem, muitas vezes, não queremos que nada aconteça, mas sempre estão do nosso lado e disponíveis para a nossa vida, incorporando-a na sua. Incrível!
Talvez infelizmente sou como sou!


E assim é...

Mas nada termina nem acaba, nada começa nem inicia. Tudo se desenrola por algo já existente, já iniciado e sem fim à vista.
Arduamente dou comigo a pensar no que seria tudo se tudo não existisse e, problema dos problemas, já não faço sentido sem tudo e tudo deixa de fazer sentido se não existir. Complexo! É como que uma construção de prédio: primeiro os alicerces e depois tudo se forra por um revestimento, talvez irreal, mas sempre, sempre existente. É como que uma relação de dependência conjugal, altamente dispensável, mas constantemente presente. Engraçado! Uma posição tão antitética, mas tão real. E o problema, o problema é ter de viver com tudo isto, com todo este surrealismo. Mas vivo, sobrevivendo de uma forma lutadoramente enraizada. Aprendo, aprendo que a cada momento em que penso que tudo parou, tudo volta sem nunca ter ido, tudo surge sem nunca ter desaparecido.
Mas calma, sou vivo e bem acordado. Tudo o que sou faz-me sentido, mesmo que, por vezes, hesite por um momento. Construo o meu sentido, fabrico a minha identidade, olhando para a minha sombra e para o meu chão, tentando ignorar Thorndike, Bandura ou até mesmo Freud, sempre sabendo que estão, suas teorias, por trás de muito daquilo que sucede. No entanto, é a constante noção de incompletidão que me faz lutar, lutar contra tudo aquilo que me faz frente e mais, contra todos aqueles que não são mais que umas minas de esgoto corrido, sem ideais, forças ou presença. Porque algumas pessoas necessitam de chorar, chorar para se lavarem, chorarem para, finalmente, limparem a sua sujidade prefuraduramente impestante.
Mais do que sonhar ou idealizar, actuo, ajo! Aprendi a agir, em certas ocasiões, sem pensar duas vezes, agir para contra-actuar, sabendo construir um puzzle com todas as suas peças no local excatamente inverso.




19 de abril de 2010

Um eu diferente de mim

Porque talvez o mundo seja apenas eu. Porque talvez o mundo seja apenas eu e os meus próximos, excuindo todos os outros. Porque talvez o mundo seja aquilo que eu quero que seja. Porque talvez o mundo seja tudo o que não é. Porque eu talvez seja aquilo que sou no mundo.
Um olhar basta para perceber a imensidão da complexidade do mundo. No entanto, um olhar não basta para o olhar, um olhar não basta para o perceber. Mas para quê perceber? Para quê tentar perceber um mundo se, por vezes, nem a mim me entendo, nem a mim me estipulo. Quero que o mundo seja meu, quero que seja como o quero e como o determino. E é! É-o sem eu perguntar porquê. É uma imensidão de lodo e poeira corrente que fere os olhos ao minimo contacto, mas é! É o meu mundo, concepcionado e adorado pela minha mente penetrante que nada mais sabe se não perguntar.É, de certeza o mundo que eu interpreto e, dia após dia, construo, sem margens, sem limites, apenas comigo. Comigo e com todos aqueles que Quero que dele façam parte, (in)felizmente com alguns aparecimentos constragedores com os quais eu tento gozar e ridicularizar, pois mais nada me sugere.
O mundo é real quando sou eu a criar as minhas mais árduas dificuldades e, penssando um "pensamento vazio de conteúdo", Pereira.J 2009, na sua totalizante impossibilidade crónica, eu sou eu. Sou alguém diferente daquele que todos os dias olha pela janela. Sou o mesmo que todas as manhãs acorda por acordar, sou eu.
Eu sou o meu mundo e o meu mundo sou eu com quem me quero. Mas atenção, não se pense que quero apenas por amor ou amizade. Não, quero por ódio e por constragimento, quero para acção, quero para destruição.
Sou eu, sim, eu! Um só eu apenas e só diferente de mim mesmo!

16 de abril de 2010

Quando uma ponte não tem fim

É difícil, ou até mesmo impossívelmente possível olhar um destino inatingível. É um sonho, uma miragem, uma ponte que não tem fim. É, em absoluto, o contrário da vida. É algo sem fim momentâneo, sem vista futura. É nem sei bem o quê!
A sua forma é torcida, seus traços rebuscados. É o que não sei dizer!
Projecto no horizonte uma mente aberta ao espanto, um sonho idealizado. Não sei bem o que projectar.
Toco numa das suas pontas e sinto prazer, prazer que apenas, e quem sabe talvez não, Freud pode entender. Não sei o que toco!
Sou atraiçoado pela verdadeira hipótese sensitiva, não me controlo. Estou enraivecido!
Ao olhar em volta nada vejo a não ser decadência. Decadência sentimentalmente projectada, tudo o que existe não vale nada!
Riu-me, riu porque não sei se hei-de chorar, outrora já me apeteceu, mas agora, agora e sempre, vou enfrentar. Caminhar por uma ponte que sei não ter fim, uma ponte para a vida, com a vida, uma ponte que mais ninguém pode passar.
Sim, és tu! És um tormento que não sei bem o que és. És a obecessão, a burrice, a estupidez e a melancolia. A melancolia que os meus olhos vêem quando apareces, algo tapada com uma capa raivosa que nada mais cobre, a não ser um horrendo sentido!
Sonhas ser o que outro tem, mas não passas de uma podridão excremental deixada ao sol, completamente seca e pisada.
Não tem forma, mas já sei no que toco e o que projecto. É uma história, uma história com fins desfindados que nunca finadará e o prazer, esse é ódio!


15 de abril de 2010

O indomesticável sentido da minha existência

Selvaticamente um vagabundo honroso, com principios, ética e desumanidade perfeita. Tal vez seja uma definição óptima para aquilo que sou comigo e dentro de mim, quando todos os conceitos são destacados no seu mais valeroso e intimo significado.
Acredito, acredito em mim, descartando, á partida, falsos fundamentos. Acredito que sou alguém num mundo vazio e inteiramente profetizado para todo um conjunto de pré-concepções que apenas são nada.
Olho para tudo e tudo me parece vago, excepto a significância dos dois melhores termos sentimentais: a amizade e o amor, sendo que é importante reter que para se ser meu amigo não é preciso nada menos do que para inimigo ser. É com um olhar profundamente activo que penetro na circunstância local, num mundo sentido de inconsistência.
Nascemos, sem pedir a ninguém para o fazer, ou seja, selvaticamente. Vivemos altamente condicionados pelo pensamento abundante do nosso recurso. Até que morremos e convém que sintamos o orgulho de sermos quem somos e de termos sido quem fomos, preferencialmente um contexto de condenação à liberdade.
E é assim, não me sigo por nada nem ninguém. Quero seguir os passos que os meus pés traçam no asfalto, sem me sentir obrigado e/ou condionadamente estagnado. Sou livre, sou eu! Menino, rapaz, homem de todos os pólos livremente escolhidos e identificados.

O vasto e poderoso preenchimento do vazio

É verdade! O que será o vazio, sendo algo que nada é ou algo que nada tem? É-me especialmente difícil pensar e gostar da simplicidade. Faço a constante asneira de criticar, construtivamente, ou pelo menos procurar fazê-lo, tudo aquilo que me dizem ou me tentam induzir. Não creio em teorias dogmaticamente sustentadas pelos pré-conceitos previamente formados e estipulados, de forma abrupta, como verídicos e inquestionáveis.
Quando me questiono, e não são poucas as vezes, à cerca de temáticas sem resposta aparentemente fácil ou determinada, verifico que tudo não passa de um vazio repleto de uma toda imensidão constantemente rebuscada para co-ligar a vida e os momentos de cada um dos meros enfeites racionais que decoram a humanidade. Uma humanidade cheia de um vazio imensamente doloroso, onde ninguém e toda a gente procura algo escondido, algo que não se sabe bem o que é. No entanto, há quem lhe dê tantos nomes e tantas definições! Há quem lhe chame felicidade, há quem lhe chame...algo!
Um problema, é um problema quando mesmo não arranjando respostas afincadamente plausíveis colocamos uma nova questão em cima de uma resposta, ao fim ao cabo, não obtida.
Sim, simplesmente algo, simplesmente a vida, simplesmente um vazio transbordante!

13 de abril de 2010

Um exemplo, o meu exemplo, a minha cara, a minha personalidade

"Nasce Selvagem"
Delfins

"Mais do que a um país
que a uma família ou geração
Mais do que a uma passado
Que a uma história ou tradição
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Mais do que a um patrão
A uma rotina ou profissão
Mais do que a um partido
que a uma equipa ou religião
Tu pertences a ti
Não és de ninguém

Vive selvagem
E para ti serás alguém
Nesta viagem

Quando alguém nasce
Nasce selvagem
Não é de ninguém

Quando alguém nasce
Nasce selvagem
Não é de ninguém
De ninguém
..."

12 de abril de 2010

Era uma vez uma história inacabada

Era uma vez uma história perdida na imensidão do mundo “intelectualizadamente” ferido por dentro e por fora de uma enormidade sentimental.
Dia após dia, momento após momento uma história verídica, honrosamente covarde, salta à mente de uma pequena enorme estrutura preliminar subjugada ao forte contraste que a vida causa em toda a preparação da morte. Na verdade, era uma vez uma história perdida, mas uma história, uma história não fantasiada, mas “fantasiadamente” verdadeira que como toda e qualquer história de fantasia apenas se perde, nunca se esquece.
Quando revemos os fabulosos contos de Walt Disney, por exemplo, percebemos que cada história contem, pelo menos, um pouco de nós. Um pedaço intimamente público que todos e ninguém lhe pode chegar. Não é propriamente um pedaço solto, sendo uma pequena partícula de toda uma história infindável à qual mais ninguém pode ter acesso. Não pode ter acesso, porque desabafar é algo que todos fazemos, mas aqueles que não se encontram necessitam de se expor. Eu faço-o, faço tudo para mim, comigo e porque tudo o que faço comigo se espelha em mim, partilho-o com quem quiser observar. Não, não gosto de ser observado, mas a história propicia que muita gente tenha os olhos postos em mim e naquilo que não faço. Sim, porque tudo o que faço não interessa a ninguém. Tudo o que digo não quero dizer, sabendo que se não disser ficarei grávido de uma enorme “repudiação”.
Sim, é nos contos, nas fabulas ou em qualquer autor de fantasia que a verdadeira magia se encontra. A magia de saber ser mago comigo mesmo.
Era uma vez, era uma vez um momento, uma época, uma história eficiente num carácter épico de pura deficiência existencial. Uma história de tristeza, mágoa e força. Uma força vinda da natureza da força poderosa de uma cabeça pensante, hoje que não é preciso ter medo de pensar, mas é sim preciso saber pensar em não pensar naquilo que não queremos nem temos de pensar. Há que provar, provar que a sobrevivência não depende do raciocínio, mas é tão puro e tão enganador, é tão correcto e tão insurrecto que a dúvida permanece.
Era uma vez uma história que terá continuidade, será futura como eu e o meu sentido necessário de “genealizar”, até porque quero um dia dizer que “a minha glória é criar desumanidade”.
Era uma vez uma história chamada vida, era uma vez...

7 de abril de 2010

A questão do regresso

Não sei se tudo o que sucede me será novidade ou algo fora daquilo que é o ambiente, normalmente, comum. Não sei se aquilo que me abrange é a minha real realidade ou apenas uma mera reticência de um argumento falacioso que surge na superfície de uma conjuntura irónica de acontecimentos.
Tudo o que surge, talvez surja numa perspectiva destinada, num destino não programado e fragilizadamente acertivo. Contudo, tudo o que surge pode até, passado algum tempo, parecer que ficou ultrapassado, mas na realidade os acontecimentos futuros, na base da sua essência estrutural, têm algo que os relaciona com tudo aquilo que para trás ficou. O presente é uma réplica continuada do passado e uma firme base para o futuro. Assim, no meu ponto de vista, é fácil perceber a questão do regresso. O regresso é uma totalidade miticamente caracterizado por nada, por coisas que esquecemos e que deixamos enterradas numa solidão de ser e de existir.
Cada acto, cada regresso, pode ter a sua simbologia num simples gesto, num abraço. Um abraço companheiro, um abraço colectivo, um abraço!
O sentido de existir para regressar, é um sentido existencialmente fundamentado para que tudo aconteça e retorne, e retorne, e retorne...