29 de maio de 2010

Odeando a boa educação...

Odeio tudo aquilo que me faz não ser eu! Odeio e repugna-me tudo aquilo que me obriga a seguir parâmetros estipulados! Odeio não me poder mexer como quero!
Somos condenados pelo que dizemos, fazemos ou até pela forma como nos comportamos e como actuamos. Isto dá-me a ideia de que os professores e os teóricos da vida que falam no conceito de Aldeia Global se esquecem que isto é mas é uma Estupificidade Global, onde todos temos de seguir a etiqueta que não temos colada nas costas e o rótulo que os outros e todos querem de nós!
Sinto-me devorado pela sociedade e pela sua necessidade de parecença exterior, com algo que só existe de fachada. Concordo que seja bom rodearmos um assunto indo directo a ele, mas sabe muito melhor agarrar o touro pelos cornos. Não consigo compreender o fanatismo pela falsidade e pela incompletidão, não entendendo o poruê das pessoas em querem ser vistas na sociedade, iguais a ela. E é por isto, é por isto que hoje em dia nós somos mais aquilo que as outras pessoas julgam que nós somos, do que aquilo que nós realmente sabemos que somos. Sim, chegamos ao cúmulo, acabamos, muitas vezes, por não saber como agir, pensando naquilo que os outros devem gostar que nós façamos, mas isto numa perspectiva de socialmente correcto.
Estou engolido, engolido pela dispersão das verdadeiras personalidades de cada um e pela repressão que tudo aquilo que nos rodeia tenta atingir. Olho para alguém e já não sei o que ver, porque o espelho mostra esse alguém, mas também o raio da sociedade!




27 de maio de 2010

A inércia estupidificada

Todos os dias as pessoas impedem todos e todos, muito por tudo aquilo que a estupidez da maior parte da fantástica humanidade em que vivemos se resolve a fazer, a dizer e a pensar. A vida não é feita de prendas e felicidadezinhas de fantochada. Contudo, “derrota após derrota, até à vitória final” é desta forma que eu vivo e continuarei a viver, independentemente da fraqueza dos outros que me abrange pela sua imensidão de podre e irreal.
Caminho, todos os momentos, por trilhos conturbados, mas tudo aquilo que os conturba faz-me rir, rir à gargalhada, sem bem que, por vezes, não sei se ria se tema, não sei se ria se fuja.
Há um conjunto de pessoas que falam, sei serem capazes de dizerem alguma coisa, mas falam. Falam como se o amanhã fosse o fim, falam como que mentem, falam como que falseando a realidade que eles próprios postulam. Toda a inércia que estes indivíduos pretendem causar, apenas tem como fim a destruição dos outros, quando pela frente os incentivam.
Vivo numa sociedade acabada, uma sociedade fraca e sem escrúpulos éticos. Vivo num ambiente de masturbação cultural, onde cada um, por si só se sente prazeroso destruindo e combatendo os outros sem razão. Sim, eu comando-me por mim mesmo e sou eu mesmo, mas a destruição dos outros não me faz sentido. Sou por demais consciente para poder dizer que os meus inimigos se escolhem pela inteligência e não pela leviandade.
Digo-o, digo que o mundo está perdido, mas felizmente, felizmente há revolução, há luta e há ética e dignidade para defender dos tubarões sociais, tubarões insensatos, inconstantes e perturbados.
Felizmente há... felizmente ainda há pessoas!

19 de maio de 2010

Uma fuga até mim

Tenho de fugir! Sinto necessidade de, cada vez mais, me enquadrar em mim e em tudo aquilo que sou. Não consigo perceber este mundo patético e verdadeiramente “inconcebido”, onde a grande maioria se afunda numa profunda crise de valores, de ética e, porque não, de valores éticos. Não, não sou pessimista, mas de facto tentam manear um mundo que colocam de pernas para o ar como um belo atleta de ginástica.
Para alem de tudo, aquilo que mais me custa é o facto de as pessoas serem facilmente habituáveis e o Homem ser um animal de hábitos. Tudo isto leva a que, mesmo uma parte que contrapunha a realidade mais sonante, se vai juntando a eles, a eles, um “alguéns” que não conseguem vencer. Já lá dizia o ditado...
Na melhor das hipóteses, recebemos Sua Santidade, gastando balúrdios e ignorando uma série de “pormaiores”, relativos a muitos aspectos da realidade de cada indivíduo, mas na pior, na pior verificamos o Exmo. Sr. Presidente da República Portuguesa, a deixar bem claro que se não fosse a actual situação económico-financeira do pais, decidia e fundamentava, relativamente à temática do casamento entre pessoas do mesmo sexo, baseando-se em posições afincadamente pessoais. E isto apenas num curto e estreito rectângulo constituinte da península Ibérica que faz companhia à Espanha e que talvez, em posição de mapa, lhe coce as costas.
É-me muito complicado entender este mundo, quero o meu, anseio por estar dentro de mim, comigo e mais “migo”, podendo reger a minha loucura pela minha loucura. Necessito fugir, tenho necessidade de fuga, de fuga para mim, bem para dentro de mim!


16 de maio de 2010

Um constante agrupamento

Seguem-se os dias, seguem-se os momentos de uma vida ainda bem curta e espaçosa. No entanto, os agrupamentos continuam. Sendo impossível pensar um pensamento vazio de conteúdo, constantemente dou comigo a exercitar a mete, a mente do raciocínio. Não sei se bem se mal, porque, de facto, não sei o que são o bem e o mal. Raciocino, agrupo pensamentos, ideais, lógicas e sentimentos, relaciono tudo e distingo bem.
Cruzo cada dia, cada momento, e encontro sempre uma folha de papel, dentro do meu “Moleskine”, seguida de uma caneta verde, pois claro, que me pedem que os junte. Costumava pensar três vezes antes de o fazer, mas agora, agora limito-me a aceder ao pedido e quando este falha, eu deixo de ser eu. Posiciono o caderninho preto, agarro, com subtileza a esferográfica, fazendo-a deslizar por cima do papel. Pouco a pouco, palavra apos palavra, uma frase se forma e, de seguida, um parágrafo, um texto. Por esta razão eu digo e afirmo que nada mais faço do que juntar palavras, sendo que, por vezes, inventar algumas faz-me sentir vivo.
Juntar palavras, quaisquer que sejam elas, tenham o significado que tiverem. Junto-as! Observo o mundo, seus componentes e tenho-me como o meu mapa, o meu sitio, o meu eu. Não gosto de dizer que escrevo, porque não sei o que isso é. Limito-me a juntar simples palavras já existentes, talvez dando-lhes o sentido que bem me apetecer.
Contudo, há uma palavra de que nunca me consigo desligar: Saudade! Para mim, muito mais do que uma palavra caracterizadora do vocabulário português, mas sim um sentimento que, pelas pessoas certas, escolhidas por mim, ficará sempre comigo. Sentir saudade é muito mais do que sentir falta, é sentir a ausência em plena presença, é ser especialmente importante.
Desta forma, sonho, idealizo, sinto e penso, questionando-me sempre, mas nunca me atrevo a questionar a saudade, porque esta, esta só sente por quem sonhamos, por quem idealizamos, por quem sentimos algo, por quem pensamos e eu sei que se isto se passa dentro de mim é porque fui eu a escolher e determinar assim.
Serei, sempre, um simples agrupamento que consegue agrupar!



14 de maio de 2010

Um paradeiro imaginável

Calhou um dia de nevoeiro, mas daqueles em que D.Sebastião voltou a ficar em casa. Apenas resta o sonho, a transformação da realidade, a imaginação.
Seguindo nas estradas infindas de horizonte, tento cruzar-me com quem me aparece, com quem eu quero que apareça. Contudo, se olho para a frente apenas vejo nada e, olhando para os lados e para trás, mais nada vejo que o vazio. Estas estradas são a minha alma, uma alma sem rumo, mas com o rumo certo, uma alma forrada a carácter inteligentemente estúpido. Todas as pessoas que passam merecem a minha atenção, esta é uma alma personalizadamente exacerbada e tudo o que ela tem, tudo o que dela consta é tudo aquilo que eu quero, que eu crio e que eu escondo de mim mesmo. É difícil, por vezes, sonhar. Mais difícil é ser incompatível por eu apenas querer quem quero e o que quero. Porém, há momentos em que talvez tenhamos de sofrer, sofrer por um mal que não é nosso, mas de nós faz parte!
Hoje, mesmo que o dia tivesse sido de sol abrasador, na cidade da minha alma, o sentimento seria igual. Sou o que sou, o que quero ser!

11 de maio de 2010

Tipicidade portuguesa

Uma simples figura de Domingo. No entanto, desenganem-se, não vão à missa nem visitar a madrinha. Na realidade, o centro comercial e as baixas das cidades são, de facto, os locais de eleição.
Vejamos, o Zé Manel desfila de fato-de-treino azul escuro, verde e roxo, com uma camisa aos quadrados por debaixo do casaco, barba por fazer, coçando os pêlos da pança (que ao conduzir o obrigam a ficar a três metros do volante) e mostrando os mesmos da região peitoril suavemente cobertos com uma camisola interior, de alças, esbranquiçada. A sua postura não engana ninguém, tronco inclinado para trás por culpa dos consideráveis quilos a mais e uma barriga que nem uma grávida com nove meses de gestação ou uns litros de cerveja todos os dias conseguem igualar. Na rua, saca do cigarro e coloca os seus óculos de sol ray ban feirex, para que o estilo seja ainda maior. Dá uma primeira paça e não hesita em cuspir para o chão. Acabado o cigarro, é hora da pastilha elástica, elemento essencial para a demonstração de eterna badalhoquice, por ser mascada de boca, constantemente, aberta. Chegando a casa, abanca no sofá, já de molas dobradas, e liga o televisor no canal da bola, enquanto pede à Maria, que vai começando a fazer o jantar, que lhe traga uma cervejola bem fresquinha e, quem sabe, uns tremoços para acompanhar.
Meus amigos, o caso da Maria não é, de todo, mais exemplar. Acompanhando o seu homem na incursão ao centro comercial da zona, ela aperalta-se a rigor, esquecendo-se, porém, que a sua fisionomia pediria um pouco mais de tecido. Veste um vestido preto com brilhantes e coloca um cinto dourado na zona do peito (talvez para que quem passe olhe), deixando de cada lado, um exemplar modelo da Michelin, quem sabe para consumo próprio em caso de avaria no caminho. Calça umas meias pretas, rendadas e esburacadas que preenchem uns sapatos vermelhos envernizados, de tacão bem fino que, como andar naquilo é difícil, a faz andar torcendo, por completo as pernas. Vai avançando, abanando-se como gente, nos corredores, vendo as montras, mas curiosamente todas aquelas que vendem roupas que talvez a sua filha conseguiria usar. Problema! Ela experimenta mesmo e a rapariga da loja é obrigada a ir buscar o tamanho máximo ao armazém, ainda assim correndo o risco de ele rebentar e porque apenas quer vender, não é capaz de a mandar à loja em frente. A chiclete não falha, e a boca aberta com ela de um lado para o outro a deambular é presença obrigatória. Quanto à face, meus amigos, julgo que se consegue imaginar. Uma maquilhagem bem carregada de pretos e cores bem vivas, não chegando ao cumulo das espanholas, mas algo nojento. Chegada a casa, dirige-se para a cozinha e coloca-se a disposição de seu homem trabalhando nas lides domesticas e em tudo aquilo que ele desejar.
À noite, ui, aí nem eu quero retratar o que se poderá passar, prefiro imaginar algo mais aliciante, mas cuidado, as crianças têm de ser preservadas e, já agora, preservem-me desta constante orgia social!


8 de maio de 2010

Quando o sentimento identitário não passa de uma questão despida

Porque para nos sentirmos não precisamos de pensar. Porque para nos identificarmos, o pensamento não é necessariamente afincado. Eu sinto-me e sinto o mundo, espelho-me nele e nunca o espelho em mim. Apesar da enorme subjectividade de conceitos, o mal fica de fora e eu com ele fico, combatendo, lutando, exercendo-me sem esperar por ninguém.
Passo na rua e perguntam-me quem sou. De imediato a resposta surge como se de algo inato se tratasse, mas não, eu sou eu e com toda a raiva e determinação o digo dizendo que mim sou no mundo em que estou. Exalto-me, olho e nada vejo a não ser uma sociedade despida, despida de rigor ético e moral, uma sociedade numa intensa crise de valores e de mentalidade. Não se enganem, meus amigos, o hoje é hoje e não o ontem, avancemos. Uma sociedade despida de muita coisa que nem pele sei se possui, uma sociedade por demais cruel, onde a crueldade chega a ser materno-paternal. Ridiculamente existente!!
Estou desasado, não sei para onde me virar, mas para a frente sei que é o caminho, sem cobardias, sem fugas, sem medos. Vamos evoluir!
Ao perguntarem-nos quem somos, na realidade, nós apenas costumamos dizer o nome, sendo muito mas muito mais do que isso. Dia após dia construímos uma identidade poderosa que se sustenta numa moratória incrivelmente fabulosa, capaz de combater a crise, a crise social. Sim, não somos ninguém sem socialização, não somos ninguém sem os outros, mas eu sou eu mesmo com os outros em meu redor.
Porque quando o sentimento identitário não passa de uma questão despida é tempo de mudança e de combate, é tempo de ser tempo, é tempo de ser eu! Mas, cuidado, a minha construção fez-se e far-se-á, mas há muitos(as) que são despidos por natureza e a esses, nem o nome lhes fica bem!