20 de junho de 2010

A viagem em mim

Sinceramente, naquilo que me diz respeito, uma viagem é e tem de ser sempre muito mais que um simples passeio, muito mais que uma simples viagem. Assim, cada viagem tem de ser encarada como A viagem.
Considero que todos os dias viajamos, dentro de nós e dentro de uma sociedade que nos rodeia e consome dia após dia. E sim, reflectindo sobre cada viagem que faço, seja para onde for, julgo que me desenvolvo e me vou conhecendo, a mim, quando penso que nada mais há para conhecer. Feliz ou infelizmente, quem sabe, ao viajar descobrimos outros povos, outras nações, outros costumes, enfim, simplesmente outras pessoas, diferentes ou iguais a tudo aquilo que sempre imaginámos.
A meu ver, julgo que devemos viver com o sentimento “prazeroso” de um mundo idêntico ao do “Peter Pan”, um mundo de sonhos e viagens constantes, na busca pela felicidade.
Uma viagem deve ser, assim, um momento de prazer e felicidade, um momento de busca e de complexidade, no qual nos devemos sentir bem, um momento de conquista, qualidade de vida e bem-estar.
Todavia, o problema surge quando este prazer, esta felicidade e este bem-estar não se alcançam. Aí, a vida deixa de ter o seu sentido lógico, a vida deixa de ser vida, porque ela é uma constante viagem, onde o normal não é normal e a irreverência tem de vir ao de cima.
Aqui, pretendo deixar bem claro que não tenho destino e apenas viajo por onde me levo e conduzo, viajo vivendo. Tendo, simplesmente, aprender a viver, para poder viajar.


12 de junho de 2010

Simplesmente nasci, nascido

Nascido para andar sozinho e para sozinho caminhar pelo infinito de tudo aquilo que não existe.
Foi num dia quente de Verão que resolvi dar uma dor de cabeça ao mundo, foi neste dia que chorei pela primeira vez. Desta vez, não me recordo, mas adivinho o propósito. Mais uma vez, lutar e nada mais que isso (como se isso pouco fosse)!
Nasci, nasci para me agradar e para me não arrepender, nasci para rebentar com a pobre e tristeza presença do mundo, na vida de cada um, que na minha vida existe, também. Nasci para me guiar, nasci para me determinar! Nasci para demonstrar a imposição de tudo aquilo que não quero que sigam, nasci para desfrutar da raiva e do furacão da necessidade de liberdade e de justiça. Nasci para combater a frustração do mundo, do meu mundo. Aquele que eu construo!
Nasci, simplesmente, para ser eu!

11 de junho de 2010

Aquela estupidez internamente incorporada

Todos os dias, a toda a hora, viajo sobre um mundo "irrealisticamente" formado e sustentado, onde grande parte das pessoas são estúpidas e horrorosamente aparentes.
É constante, em mim, a necessidade de perguntar e questionar esta gente, estes seres, se são sempre assim tão horrorosamente estúpidas, julgando-se estupidamente inteligentes, ou se encontram, naquele momento, a fazer um eforço suplementar.
Vivo sempre certo de que entre a verdade e a mentira existe sempre a dúvida e a dúvida é um posicionamento legitimado pela observação e experiência vivenciada.
Já dizia Popper que "o erro é o motor do conhecimento"!
Pobre sociedade horrenda, por ti eu não luto, lutarei pela justiça, pela igualdade e pela verdade e sempre por uma minoria que ainda existe e se irá manter.

4 de junho de 2010

O sofrimento do constante sentimento

É profundamente demarcado o facto de que, como já dizia Carlos Drummond de Andrade, a dor é inevitável e o sofrimento é opcional. Porém, quando me tento abstrair do carácter abstracto do pensamento só me resta a profundidade “desintelectual” do sentir, que me permite chegar mais alem, conhecer o sombrio e desvendar o encoberto. No entanto, se sinto para evitar a falsidade e tudo o que falacioso me parece, como poderei desvendar tudo em palavras? Serei obrigado a pensar? Em que ramo da mentira cairei?
De facto, eu sou eu comigo e ninguém nem nada poderá assumir o controlo de mim. Sou um eu uno e firmemente afirmado, num mundo falso e hipocritamente implícito numas realidades sonâmbulas e inexistentes.
No entanto, caio sempre na asneira de cair no raciocínio pensado, mesmo que tenha começado por um mais, ou completamente, sentido. É mais uma das minhas lutas! Sim, luto, com todo o empenho para combater o irreal da verdade e a ausência de justiça, mas ser eu, com toda a minha pujança é algo de que não abdico, sendo cada uma das minhas circunstâncias e características, intensamente.
Por vezes, parece-me que vivemos num mundo do Noddy, mesmo sem os guizos no carapuço, mundo em que tudo é colorido, fantasiado e uma simples brincadeira para certas idades. Terão todos vontade de ser “Noddies”?
Sinto-me cansado, raivoso e irritado, sentindo as minhas realidades circundarem-me, cheirando-as, tacteando-as, saboreando-as, ouvindo-as e vendo-as, mesmo no seu mai profundo estado de falsidade e “incompletidão”.
Não perfuro, como Descartes, a realidade ou não da minha existência. Contudo, prefiro também dizer: sinto, logo existo!, apesar de o meu carácter impulsivo e orgulhoso me conduzir ao raciocínio pensado, aquele que me faz sofrer.
E o problema começa agora. Se pensar faz realmente sofrer, por que é que sentindo também sofro? Sofro porque o ar é irrespirável, as pessoas inaudíveis, os sabores pálidos e pobres, e a conjuntura plácida e fraca. Começo assim a acreditar que tudo fará sentido, pensando, sempre para que os outros não sintam e não vençam.
Na realidade, já Maslow falava nas necessidades e sua hierarquia, mas eu , eu preciso de brilhar para mim, preciso de ser livre e de, sobretudo, poder ser eu. É por tudo isto e mais algumas coisas que odeio a perfeição e o carácter imposto da boa educação.
Sei que lutar me devolve ao sofrimento e daí este ser opcional. Todavia, lutarei até à minha vez de ser cremado, lutarei até à última dose de dióxido de carbono que terei para emitir no ar. Em suma, tento combater o sofrimento, algo talvez “incombatível”, mas...felizmente eu luto e felizmente eu sou eu!

2 de junho de 2010

A frustração de um mundo completamente desconjuntado

Raiva, ódio e rancor é o que consigo sentir por um mundo social completamente perdido nas ruas e trilhos da ociosidade e da melancolia. Ruas repletas de personagens tragicamente repugnantes que cruzam o caminho comigo, todos os dias, sem as poder evitar. Na verdade, também não o quero fazer, na medida em que amo a revolução e a luta, amo a conquista. Olho em volta e pouco mais vejo que prepotência em estado puro e inteligência e coerência em profundo estado de latência.
Nesta sociedade, a inteligência encontra-se “encamada”, completamente entubada e dependente de uma máquina para viver. Essa máquina somos todos aqueles que a temos de suportar e, ainda por cima, sustentar numa vida que queremos ao nosso rigor. Será lícita a Eutanásia?
Como se não fosse suficiente este degredo podre e mal cheiroso em quês estamos inseridos, todo este facto ainda me traz mais um problema, visto que digo e estipulo que para se ser meu amigo é necessário muito, mas para ser meu inimigo talvez seja preciso muito mais. Principal e certamente, para se ser meu inimigo é necessário ser-se inteligente, mas logo eu que gosto tanto de ter bons inimigos... Oh, o factor de dependência entre inteligência e meus inimigos faz com que quase ninguém me deixe ter o privilégio de o ter enquanto inimigo, que tristeza! Terei eu que mudar os rigorosos métodos de escolha?
Preciso de um mapa. Sim, não quero ir lá com a tecnologia do GPS, porque eu sou superior, eu sou especial, eu sou eu e sou inteligentemente estúpido para fingir o que bem me apetecer e o que não quero saber fazer! Preciso e quero um mapa para continuar a caminhar, mas azar dos azares daqueles que me rodeiam, todos os dias sou eu próprio a escrever o meu mapa, e esse, esse é só meu, guiado pelas minhas mãos e conduzido pelos meus passos de diabo sem nunca apontar a Deus.
Acredito, acredito que vivo num mundo completa e vividamente desconjuntado e frustrado por ser mundo. E aí sim reside o problema, na medida em que a frustração não é pelas características, mas sim por simplesmente ser mundo. Tenho vergonha da inércia causada propositadamente pelos inconscientes e pobres de espírito. São estes os que usam os argumentos mais estapafúrdios que me deixam sem saber se ria ou se tema!