14 de novembro de 2010

Eloquência natural

Olhando pela minha janela, observando o exterior, deparo-me com o balanço tépido de umas árvores que parecem querer dizer algo, mas calam no imenso movimento que praticam. Basta apenas uma simples rabanada de vento para que estas demonstrem a sua essência, nada dizendo, nada retorquindo para a vida.
É desta forma que ao observar estes elementos da natureza, sei que nada vejo, mas que vejo a realidade. A realidade de um mundo fraco e tremido, de uma sociedade parca em valores e pouco exigente. Provavelmente, está na moda (e porque se assim for nada há a fazer) retirar de moda os valores intrínsecos, regentes de uma comunidade. Na verdade, vivemos perante uma perspectiva economicista que apenas dá valor à distribuição do produto, desde que essa distribuição seja bem feita, ou seja, seja feita com enorme desigualdade e sem rigor.
Tal como a humanidade, estas árvores também irão morrer, também precisam de água para beber e de nutrientes para se alimentarem. De facto, um percurso de necessidades muito idêntico ao do Homem. No entanto, meus amigos e leitores, veja-se que até o são no comportamento. Abanam, mexem, batem as folhas e nada dizem. Parece-me um pouco como um comício politico: as pessoas abanam-se na desconfortáveis cadeiras destinadas à população, mexem-se e remexem-se à medida que os discursos as vão incomodando e o seu corpo vai ficando dormente, batem palmas mesmo não tendo percebido metade do que foi dito, mas... mas nada dizem para mudar!
Meus caros, não me restam dúvidas! O problema da nossa sociedade está na fraca capacidade de compreensão que o povo revela. Não tenho problema em admitir: julgo-nos um povo inculto e fragilizado.
Ao fim da tarde, ao olhar pela janela, as árvores lá estão, como que a observar tudo em seu redor, mas, surpreendentemente, já não mexem nem abanam, o vento parou...